terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Lições de uma eleição

O leitor deve estar se perguntando: Porque voltar a comentar sobre a eleição, se ela já passou, se o resultado já é conhecido e, portanto, faz parte do passado.
Não é bem assim, meus amigos. No mundo político, nem bem termina a eleição e já têm início os preparativos da próxima, mostrando como são dinâmicas as coisas que dizem respeito a este meio.
Vejam vocês. É público e notório que o atual prefeito José Carlos Calza tem todo o interesse em disputar o pleito de 2012, tentando ocupar novamente a cadeira de prefeito de Descalvado. Ele próprio e também membros do seu staff já manifestaram esta intenção.
É evidente então, que ao que parece distante aos nossos olhos, não o é para a classe política.
Além disso, o período que se estende do resultado das urnas até o início do novo mandato é pródigo em rearranjos, mudanças e também repleto de especulações das mais variadas e de tentativas de explicações para o fracasso ou a vitória nas urnas.
Mas podem acreditar. Tudo o que se fala agora já tem um viés político pensando em 2012.
Os opositores de Panone, por exemplo, principalmente aqueles muito ligados ao Palácio do Povo, dizem que, na verdade, o prefeito eleito não obteve a maioria dos votos da população, já que venceu a eleição com pouco mais de 40% dos votos válidos. Segundo eles os outros 60% dos eleitores, que votaram em Rubens e Henrique, não escolheram Panone para governar o município nos próximos 4 anos.
Já é um sinal claro de manifestações pensando no futuro político. Acontece que uma eleição não pode ser analisada apenas pelo aspecto numérico, uma vez que ela envolve uma série de fatores que levam a um resultado satisfatório se conjugados e bem estruturados dentro de uma campanha eleitoral.
Por esta razão não existe um componente único que pode determinar os motivos que levaram os candidatos é vitória ou à derrota.
Quero citar apenas alguns segundo a minha modesta opinião. Repito, segundo a minha opinião.
● O sentimento que a população tem em relação a maneira como o município está sendo administrado.
●A expectativa que a população tem em relação ao futuro governo e como enxerga cada um dos candidatos no poder municipal.
●A figura dos candidatos a prefeito e os valores positivos e negativos que eles agregam às campanhas.
●A figura dos candidatos a vice-prefeito e os valores positivos e negativos que eles agregam às campanhas.
●O grupo de candidatos a vereadores, os valores que cada um deles agrega à campanha majoritária e como se eles se envolveram na campanha.
●O grupo político que se forma em torno dos candidatos e os variados apoios vindos da sociedade.
●A estrutura montada e a equipe de trabalho responsável pela campanha eleitoral e todos os macetes que envolvem uma campanha eleitoral.
●O desenvolvimento da campanha ao longo de todo o período eleitoral e a maneira como a população recebeu a mensagem dos candidatos.
Não há como fugir destes pontos. Cada um ao seu modo, o eleitor analisa e vota. E não podemos nos esquecer que, depois de muito tempo, Descalvado teve um processo eleitoral com três candidatos, o que dificulta ainda mais a análise do resultado.
Se quisermos analisar o último pleito eleitoral apenas pela frieza dos números os opositores de Panone também devem ficar preocupados com 2012.
Nesta linha têm razão também os números que apontaram a pífia avaliação que recebeu o atual governo municipal. Os candidatos Rubens e Vander, que ficaram atrelados maciçamente a figura do atual prefeito, conseguiram convencer apenas 23% dos eleitores. É um número catastrófico para a avaliação de uma administração que está no poder ao longo dos últimos 16 anos. Foi rejeitada pelos eleitores.
Dentro ainda da análise dos números, podemos perceber que mais de 70% do eleitorado queriam mudanças na forma como o município está sendo administrado. Por isso essa gorda fatia votou em Panone ou em Henrique da Caixa.
E dentro do conjunto de pessoas que quiseram a mudança, uma grande parcela optou por Panone entendendo ser o candidato a prefeito que reúne melhores condições de implantar uma nova administração no município.
O que se escuta agora, com o término da ressaca eleitoral e em vias de se mudar o governo municipal, são os famosos “se” que acompanha todo o processo.
“Se” o candidato tivesse sido fulano... “Se” fulano tivesse apoiado beltrano... “Se” beltrano não tivesse apoiado sicrano... e por aí vai.
E, pelo que indica o termômetro político, já têm candidatos se mexendo nos bastidores e torcendo para que Panone, Becão e equipe não façam um bom governo.
E aí eu coloco também o meu “se”.
E se eles fizerem um excelente governo? Como ficará 2012?

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Quem você pensa que é?

Quantas vezes nos deparamos com afirmações a nosso respeito, como estas: “Puxa, nunca pensei que você fosse assim” ou “Imaginava você de outra maneira” ou ainda, “Tinha outra imagem de você”.
A verdade é que cada pessoa nos enxerga à sua maneira e, a não ser que seja uma pessoa muita ligada conosco, na maioria das vezes faz a nossa imagem do modo que mais lhe interessa. Isto acontece em qualquer área da vida.
E é difícil mesmo conhecer as pessoas do jeito que elas realmente são.
Se nos surpreendemos até mesmo com as pessoas mais próximas da família, o que dirá com os demais parentes, os amigos, os vizinhos. E as surpresas podem ser tanto positivas quanto negativas, dependendo da ótica que lhes interessa e de como, afinal, a pessoa com quem tratamos nos enxerga.
Se você concorda também com estas afirmações, podemos perguntar: Minha vida realmente me pertence ou ela se escreve ao longo do tempo à nossa revelia?
Nem tanto ao céu, nem tanto à terra, penso eu.
As duas afirmações têm um fundo de verdade e ambas assumem um papel importante na construção da nossa vida e no modo como a sociedade nos enxerga.
E é aí que mora o perigo. Quando nos moldamos de acordo com o que a sociedade pensa a nosso respeito e de como ela nos enxerga, enveredamos por um caminho complicado e, aí sim, nossa história pode ser escrita à nossa revelia.
Erros, acertos, imperfeições, hesitações, omissões...
Quem é realmente capaz de enxergar dentro do outro e reconhecê-lo como realmente é, e ainda, compreender as suas atitudes.
Felizmente a vida é dinâmica. Os erros podem ser consertados. Os acertos são invariavelmente recompensados. As imperfeições podem ser corrigidas. As hesitações podem ser produtivas.
Mas, e as omissões?
Para estas posturas acredito que não exista algo de positivo. Quem se omite não se dá ao direito da correção ou da recompensa. Para mim é a pior das posturas.
Erre tentando, acerte tentando. Hesite, mas tente. Mas não seja omisso.
Tenha a hombridade de aceitar os seus erros e corrigi-los. Não é fácil, todos nós sabemos. Tenha a humildade de, ao ser recompensado pelos seus acertos, dividi-los com os outros.
Desculpe-me, só não é válido ser omisso. A omissão é a ferramenta daqueles que se escondem. A omissão é o refúgio dos covardes. O omisso não tem a oportunidade de mudar nada e, por esta razão, não tem o privilégio de corrigir o que tiver que ser corrigido.
A omissão não permite os erros e os acertos, que são dois componentes tão importantes e fundamentais na construção das nossas vidas.
Devemos aprender também com os grandes sábios, que as pessoas podem não enxergar como realmente somos, mas certamente vão enxergar como nos apresentamos.
E é por isso que a vida é tão bela para aqueles que não se escondem. Temos a possibilidade de rever conceitos, destruir imagens negativas, corrigir rumos e buscar merecidas recompensas.
O Prêmio Nobel de Literatura de 2002, o húngaro Imre Kerész, 79 anos, sobrevivente do holocausto escreveu em seu livro “Eu, um outro”, a seguinte frase: A história de minha vida é a história de minhas mortes.

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