domingo, 8 de agosto de 2010

LIÇÕES DE VIDA COM ALMIR KLINK

          O navegador Amyr Klink é sinônimo de aventuras, façanhas, determinação e decisão, sem mencionar é claro sua paixão contagiante pelo mar e pela natureza.

          Quem não se emocionou com seus relatos sobre as navegações que fez por várias partes inóspitas do planeta.
          Embora a grandiosidade dos seus feitos á bordo do "Paraty", seu famoso barco, sempre que ouço o nome do Amyr Klink percebo chegar à minha mente uma estranha sensação de solidão.
          Fico imaginando o que é passar um longo tempo dentro de um barco, cruzando mares desconhecidos, conhecendo geleiras, enfrentando tempestades, domando ondas gigantes..... e sozinho. Tudo em nome da aventura, dos sonhos, pelo prazer e amor ao oceano.
          Imagino também o grau de preparação para suportar " Cem Dias Entre o Céu e o Mar", aventura que lhe valeu um livro com o mesmo título.
          Uma ótima condição física é um componente importante e indispensável, mas a preparação MENTAL para suportar esta aventura deve exigir uma atenção redobrada.
          " Cem Dias entre o Céu e o Mar".......e sozinho.
          Ninguém ao lado para conversar, para ajudar nas horas difíceis, para dividir alegrias e amenizar tristezas. Ninguém ao lado para superar medos, ninguém para compartilhar decisões importantes, que nos incentive ou que nos imponha limites.
          Tudo isto exige muita preparação e muito esforço.
          Numa das páginas do livro, Amyr Klink relata uma noite de tempestades, com ondas gigantes que golpeavam seu barco com grande violência.
          Mentalmente fui visualizando todas as cenas e quando percebi estava traçando um paralelo entre a aventura solitária de Amyr e os acontecimentos que ocorrem na vida de cada um de nós.
          As tempestades, as calmarias, as decisões importantes, as ondas e os golpes no "nosso barco", também requerem uma preparação especial para enfrentar o "mar da vida".
          Quero destacar alguns trechos do livro na íntegra, para vocês verem se não tenho razão quando das comparações.
          ....Naquela mesma noite fui acordado diversas vezes por ondas que golpeavam o barco com impressionante violência. O mar parecia ter enlouquecido e não havia mais nada que eu pudesse fazer a não ser permanecer deitado e rezar.
          Indescritível sensação. Estaria sonhando ainda? Não, acordei quase me afogando! Alguns segundos, outra onda e tudo voltava à posição normal, em total desordem! Mal tive tempo de analisar o que se passara, e o mundo deu novamente uma volta completa, tão rápida que nem cheguei a sair do lugar.
          Precisava tirar a água primeiro. Não havia tempo para pensar. E sem que eu parasse um minuto de acionar a alavanca da bomba, o dia começou a nascer e pude perceber o tamanho da encrenca.
          Jamais imaginara algo parecido. Seria normal tudo aquilo? Quanto tempo resistiria àqueles choques? Como um bonequinho de tiro ao alvo, que não sabe quando será acertado, eu ficava esperando por ondas que ouvia mas não podia ver.
         Senti o barco subir mais uma vezes e, quando estava exatamente na crista da onda, alguma coisa soltou-se e despenquei no vazio. Algo de errado acontecia.
          Mais uma vez o mundo estava de pernas para o ar.
          Imagens "pipocando na cabeça", com a leitura não conseguia parar de pensar na solidão do Amyr Klink e continuava a transferir sua aventura para as "coisas da vida".
          Cheguei finalmente numa parte do relato que me tocou bastante.
          Num daqueles trechos que entram na gente com uma grande lição e que merece ser transcrito e refletido com muita sabedoria.
          "Senti uma grande alegria e um profundo orgulho do meu barquinho. Ele cumprira o seu maior compromisso - o de ser um joão-teimoso, e provara que era um forte.
          Dificilmente outra embarcação, por maior que fosse, teria se saído de situação tão negra com tanta integridade.
          Ao abrir os olhos, duas horas depois, o mar continuava forte, mas o vento sul tinha diminuído.
          Dei um berro de alegria e saltei para os remos...
          PRECISA DIZER MAIS!

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