segunda-feira, 20 de outubro de 2008

NO APAGAR DAS LUZES

Qualquer pessoa de bom senso e com um mínimo de conhecimento sobre política e administração pública, deve imaginar que a maioria dos governantes (prefeito) em final de mandato gostaria de terminá-lo deixando no seio da população uma sensação de "respeito" e de "saudade" pelas suas iniciativas dentro da Prefeitura Municipal.
É absolutamente normal que um "bom governante" queira carregar consigo, pelo resto da vida, a imagem daquilo que foi quando esteve no poder, principalmente as coisa boas que pode realizar.
Esta, porém, parece não ser a preocupação do ainda prefeito de Descalvado, o senhor José Carlos Calza. Surge agora, mais uma polêmica em sua administração, dentre as muitas ocorridas ao longo dos doze anos em que esteve frente ao Poder Executivo do município.
Surge, não como boato, mas como fato já relatado pelos jornais, a intenção da municipalidade em adquirir um prédio de uma antiga tecelagem, também já extinta, para a criação de um Museu Têxtil em Descalvado.
Esta intenção é antiga e ganhou ares de execução por parte do governo municipal.
Este assunto, da compra do prédio e a criação do Museu, deve ser analisado sobre dois importantes aspectos.
Primeiro - Há décadas que as grandes tecelagens sumiram de Descalvado e há muito tempo não passam a fazer parte do processo econômico do município, com as grandes produções de tecidos e a absorção de muita mão-de-obra. Deixou saudade? Ao longo do tempo as tecelagens foram substituídas por outras fontes de geração de emprego e renda, como a avicultura, por exemplo, esta sim a responsável pela projeção de Descalvado no cenário econômico estadual e nacional.
Segundo - É "imoral" sob todos os aspectos que, para a criação, e de certo modo questionável museu, a municipalidade queira comprar um prédio de propriedade do atual prefeito.
Trocando em miúdos: o prefeito, através de algumas pessoas por ele nomeadas, quer comprar um prédio de sua propriedade, por cerca de "1 milhão de reais", conforme noticia a imprensa local.
Um absurdo, sem sombra de dúvida!
Precisamos, sim, de um museu, mas não de um "Museu Têxtil", que só esta sendo assim chamado para convenientemente justificar a compra do prédio do senhor José Carlos Calza, onde até há pouco tempo poucos "teares" funcionavam e pouca mão-de-obra empregava.
Precisamos, sim, de um museu para preservar a nossa história, mas devemos, antes de tudo, termos a sensibilidade para colocar os interesses culturais coletivos acima dos outros interesses que permeiam esta questão.
Além disso, inúmeros prédios hoje ainda existentes e em melhores condições do que aquele pleiteado, serviriam muito melhor para abrigar o nosso acervo cultural e histórico. O "Hotel dos Viajantes" perto do complexo da Fepasa, o "Casarão da família Franzin" e o prédio antigo do CERD, ambos no centro das cidade, são alguns exemplos que me chegam à mente.
Nada mais inoportuno e sem propósito, do que esta compra em final de mandato. O atual prefeito, que esteve por doze anos no poder, já teve a oportunidade de criar um museu decente e compatível com a nossa história e o nosso patrimônio cultural.
Não o fez ao longo das suas três administrações. Não deveria querer fazê-lo agora, no apagar das luzes do seu governo, ainda mais comprando com dinheiro público um bem de sua propriedade.
Questão como esta nem deveria constar da pauta de ações da atual administração, que parece carecer de sensibilidade durante o trato com o dinheiro do povo.
Já que absurdamente alguém imaginou esta possibilidade em final de mandato, não custa nada a sociedade de Descalvado mostrar a sensibilidade que algumas pessoas do Poder Público não têm.

2 comentários:

fábio mello disse...

Agora encontrei o campo de comentários.

Antes de comentar, desejo longa vida a às vezes indigesta mistura de malagueta e mel. Digo à vezes porque existem algumas receitas que intercalam os ingredientes. Claro, é para paladares aguçados.

Era de se esperar que no apagar das luzes o atual (des)governo mantivesse a coerência, já que nos últimos anos nossa cidade se acostumou aos desmandos do atual grupo político que, felizmente, está para deixar a prefeitura.

Resta torcer para que o novo governante cumpra o compromisso - e mantenha a palavra empenhada - de fazer uma administração técnica, competente, descentralizada e participativa. E que deixe de lado a corrupção e o compadrio.

Abraço! E vamos em frente.

Anônimo disse...

INACREDITÁVEL!!!!

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