terça-feira, 21 de outubro de 2008

SAUDADE DAS PRIMEIRAS OLIMPÍADAS ESTUDANTIS

Quantas vezes você já escutou frases como: "Precisamos retirar as crianças da rua", Os jovens precisam de atividades para se livrarem dos perigos das ruas" ou "Esporte é saúde, esporte é vida".
Pois bem, começo assim o meu texto para expor a condição de abandono e falta de atenção pela qual passa o nosso esporte, principalmente aquele voltado às crianças e aos adolescentes.
Para chegar a esta conclusão, que machuca quem esteve em grande parte da sua vida profissional voltada ao esporte, tomei por base o acontecimento dos "Jogos Estudantís" que estão sendo realizados em Descalvado.
E faço esta análise com responsabilidade, por já ter experimentado e participado ativamente da organização da primeira "Olimpíada Estudantil" em 1983 e também como criador e organizador do Projeto Criança, lá permanecendo como seu coordenador de 1987 a 1995.
E não faço esta análise por mera crítica profissional ou política, mas sim, em respeito aos profissionais de educação física, aos alunos e às unidades escolares envolvidas com o evento.
Posso afirmar com certeza que paramos no tempo.
Lembro com saudades das primeiras disputas, com o Centro de Lazer completamente tomado pelos alunos e seus familiares, lembro das disputas emocionantes e de alto nível entre as escolas e lembro da competitividade saudável que existia entre os professores de cada uma delas.
Os pais eram chamados a colaborar. Atuavam como técnicos, massagistas, roupeiros e qualquer outra função que pudesse auxiliar a participação da escola dos seus filhos.
Nas escolas, o segundo semestre era reservado para a preparação das equipes para a importante disputa do calendário escolar. A disputa do Basquete, Volei, Futsal, Futebol, Handebol, Atletismo e até Natação coloriam as quadras e campos do Centro de Lazer do Trabalhador.
Era uma empolgação só, pois essas disputas tinham um excelente nível técnico, fruto do árduo trabalho dos professores de educação física e da direção das escolas.
E é sobre o trabalho esportivo nas escolas, com as aulas de educação física, este importante complemento da educação dos alunos, que abordo neste texto.
O que falta atualmente, para que este trabalho seja mais valorizado e tenha reflexos positivos dentro da sociedade, quer seja no âmbito esportivo quer seja no que se refere à boa e saudável formação das nossas crianças e adolescentes?
Se compararmos com o passado, quando as "Olimpíadas Estudantís" eram muito mais empolgantes e participativas, veremos que as condições oferecidas hoje, tanto para os alunos quanto para os professores, são muito melhores que as daquela época.
Em contrapartida os resultados não são os mesmos.
Com a educação tendo mais recursos financeiros e com as escolas dotadas de infraestrutura básica para o desenvolvimento das aulas de educação física, sem sombra de dúvida era para estarmos num estágio mais avançado em termos de participação de alunos, qualidade técnica dos atletas e intervenção do Poder Público no evento.
Posso afirmar, sem medo de errar, que tivemos um retrocesso sem tamanho. Não cabe agora, apontar os erros e as falhas.
Precisamos olhar para frente, ter esperança num futuro melhor.
Quem sabe as mudanças que estão sendo propostas pela próxima administração municipal, com Panone e Becão a frente da Prefeitura Municipal, farão as intervenções necessárias para que tudo melhore, se renove e evolua dentro do binômio educação-esporte.
Se isso realmente acontecer, não seremos obrigados a ver crianças e adolescentes sem a mínima noção do que estão fazendo dentro de uma quadra, ou melhor, não teremos que contratar seguranças para ficar constantemente apartando encrencas e brigas entre os alunos.

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