domingo, 26 de outubro de 2008

DOIS MÍNIMOS PARA 100 ANOS

Muitas pessoas têm completa aversão por política e pelos políticos.
Transferem para a "política" a repulsa que têm dos "políticos", principalmente porque estamos nos acostumando com as barbaridades que são cometidas dentro de todas as esferas governamentais, estejam elas instaladas nos municípios, nas capitais dos Estados ou em Brasília, onde a efervescência dos escândalos é sempre maior.
Outras não suportam nem mesmo a idéia de se discutir "política" ou de se comentar sobre aquilo que devem fazer os "políticos" que elegemos para nos representar.
É um grande engano. Respiramos "política" diariamente e é, por esta razão, que não soa bem a velha ladainha das pessoas que batem no peito e dizem: "Eu não dependo da política"
Outro engano. Dependem sim. Todos nós dependemos.
Desde o acordar pela manhã, até o acordar do outro dia, nossa vida é guiada por inúmeras situações onde a política esta presente.
A água que nos serve, a coleta do lixo, o preço da comida em nossa mesa, o ar que respiramos, o emprego que sustenta a nossa família e a escola dos filhos, entre outras coisas, dependem da política. Dependemos de como as autoridades estão tratando essas questões que fazem parte do nosso dia a dia.
Por esta razão é que devemos nos preocupar com a "política" e os "políticos", conhecendo suas ações, lutando pelos nossos direitos e os cobrando os planos para o futuro.
Fiz esta pequena introdução para comentar outro fato que me chamou a atenção esta semana.
A notícia veio de Brasília, onde, teoricamente, os deputados federais e senadores devem trabalhar para o bem estar de todos os brasileiros e para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, afinal, somos brasileiros e não desisitimos nunca.
A notícia vem do Senado Federal e me despertou momentos de perplexiade e risos.
O deputado federal Paulo Paim (PT-RS) acaba de ter um projeto aprovado pelos seus colegas senadores e que vai para a sanção presidencial. Nele o deputado gaúcho estabelece que as pessoas que completarem "100 anos" (e não possuirem meios de prover a sua subsistência), terão direito a receber um benefício no valor de dois salários mínimos mensais.
Não estou brincando, não! Podem avisar os seus parentes mais velhos!
Quando eles completarem "100" anos, de acordo com o PLS 672/07, terão direito a receber do governo federal a polpuda quantia de dois salários mínimos por mês.
Mas é bom ir avisando, para não causar traumas futuros: Os queridos idosos e idosas que possuirem meios para sobreviverem não serão contemplados com este "Grande Benefício".
Por outro lado, aqueles que passarem a ter este direito pela longevidade centenária, entrarão para o seleto grupo de 11.422 pessoas com esta faixa etária, segundo dados do IBGE. É óbvio que entre a minha pesquisa e a publicação deste texto, certamente o número não será mais esse.
Ao reler a notícia comecei a fazer alguns questionamentos:
O que leva um deputado federal a elaborar um projeto deste quilate? Qual o critério para se estabelecer 100 anos para o recebimento deste benefício? Porque não 90?
- Com dois salários mínimos, deputado Paim, não se consegue pagar nem um bom Plano de Saúde para os "centenários velhinhos".
E a reflexão para com este projeto deve ser outra. A sua aprovação e a sua provável aplicação, parece mais coisa de parlamentar que se preocupa mais com a "quantidade" do que com a "qualidade" de suas propostas.
Só falta agora a Previdência Social vetar a sanção do projeto, porque pode causar transtornos no "bolo dos benefícios" pagos aos aposentados e idosos do Brasil.
Nesta hora, ao ler esta notícia no "Jornal do Senado", comecei a compreender e a aceitar porque mais e mais pessoas se desgostam e têm horror à política.
Mas, para não perder a fé nos políticos, aproveitei a ocasião e fui testar a repercussão da nova lei. Chamei as minhas duas avós (uma de 89 e outra de 92) e disse num tom bem otimista:
- "Minhas queridas velhinhas, aguentem firmes porque nos "100" vocês vão ganhar dois salários mínimos por mês, como prêmio por terem chegado a esta idade sem precisarem de mais auxílio dos nossos políticos".
Me arrependí. Quase matei as duas de tanto rir!

Nenhum comentário:

ARQUIVO